Por Max Rocha
O Deputado federal norte-mineiro Delegado Marcelo Freitas comunicou à imprensa e à população que "apresentamos na quinta-feira (04/02) à mesa diretora da Câmara dos deputados, em Brasília, o projeto de lei n° 193/2021, com o propósito de reconhecer a cidade de Montes Claros como a capital nacional do pequi".
"Não se trata apenas de um simples título, pois busca-se reconhecer a importância material e imaterial que o fruto do cerrado representa para a nossa região Norte de Minas", disse o parlamentar. A Secretaria de Estado da agricultura, a Emater e a Epamig lembram que Minas concentra 70% da produção nacional do fruto.
Em 2019 Minas Gerais colheu mais de 203 mil toneladas de pequi. O extrativismo vegetal (coleta) do fruto garante o sustento de mais de 15 mil famílias na região norte-mineira, contribuindo com a economia de várias municípios, de Japonvar a Buritizeiro, de Lassance a Várzea da Palma, de Coração de Jesus a Santa Fé de Minas.
"Com esse reconhecimento, justificaremos mais investimentos para incentivar as atividades econômicas, científicas, culturais e de turismo que o pequi engloba, gerando mais empregos e renda para uma região de seca, historicamente relegada ao acaso pelo poder público estadual e federal", explicou o Deputado Marcelo Freitas.
A reação e o contra ataque de Goiás
Surpreendidos com o projeto de lei proposto na Câmara federal, os goianos - muitos deles se autodenominam “roedores de pequi” - foram às redes sociais para reclamar da atitude de Minas. O próprio Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em tom bem-humorado, foi ao Twitter e comentou a proposta.
“Não tem base essa história de um deputado mineiro querer transformar Montes Claros na capital brasileira do pequi. O pequi está no DNA goiano. Muito mais que símbolo de nossa culinária, faz parte de nossa cultura. Já acionei o Deputado José Nelto para mobilizar nossa bancada e agir", escreveu. Goiás é o 2° produtor nacional, à frente do Tocantins.
O Governador goiano ainda completou: “Já vamos fazer um acordo aqui. A gente deixa o ‘trem’ e o pão dequeijo para vocês mineiros, e em troca ninguém mexe no nosso pequi. Combinado?”. A cidade de Santa Terezinha de Goiás é a principal produtora goiana, seguida de Sitio d’Abadia, Campos Verdes, Niquelândia e Damianópolis.
Festa Nacional do pequi em MOC
"A gente morre e não vê de tudo, não é, minha gente? Tem base uma coisa dessas?
Todos sabem que o fruto também faz sucesso por lá, em Minas, mas reivindicar a capital da iguaria, é demais, mexe com o brio dos goianos”, acrescentou Ronaldo Caiado, ao estilo da expressão popular "é pra acabar com o pequi de Goiás".
Em entrevista ao Jornal Estado de Minas, Marcelo Freitas enfatizou que a cidade-polo norte-mineira promove anualmente a Festa Nacional do Pequi, tamanha a identificação gastronômica e cultural com o fruto: "Bares e restaurantes de Montes Claros elaboram pratos com ingredientes típicos do cerrado, tendo como carro-chefe o pequi".
"Recebo com naturalidade a reação do Governador de Goiás. Acho legítima a movimentação dele para o reconhecimento das tradições de seu estado, assim como estou lutando pelo reconhecimento de Montes Claros e do Norte de Minas", assegurou Freitas. "Polêmica à vista para definir quem é o verdadeiro dono do pequi", noticiou o Portal Metrópoles.
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