Por Max Rocha
Todo dia 19 de abril comemora-se, no Brasil e alguns países americanos, o Dia do Índio, ou melhor, o Dia dos Povos Indígenas. Em nível internacional, a data oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1995, é 9 de agosto. Mas o que quase todo mundo pergunta é o motivo da escolha de 19/04.
O calendário remete ao dia em que delegados indígenas, representantes de várias etnias do Chile e México, reuniram-se (em 1940), no 1° Congresso Indigenista InteramericanoO propósito foi discutir a situação dos povos nativos, após séculos de colonização e construção dos estados nacionais nas Américas.
No início do século XX, havia um grande interesse por essas etnias, através da etnologia - ramo da antropologia que estuda as chamadas “culturas primitivas”. O esforço pela compreensão da história, hábitos e importância dos índios também definiu políticas públicas para salvaguarda das suas origens e costumes.
O 1° Congresso Indigenista serviu como agenda programática para essas políticas públicas. Uma das decisões tomadas foi a escolha do acontecimento do congresso como Dia do Índio. A data foi adotada (legalmente) no Brasil em 1943, pelo Presidente Getúlio Vargas - para homenagear os povos nativos.
Mas a nomenclatura envelheceu: Hoje é preferível hoje dizer “indígena” (palavra de origem latina que significa “gerado no lugar em que vive”) do que “índio” - termo usado historicamente pelos navegantes e colonizadores europeus para denominar os nativos que pensavam ser “habitantes das Índias”, no Oriente.
Atualmente, 70 mil indígenas habitam a Bacia do Rio São Francisco em Minas Gerais e no interior do Nordeste. São 32 povos vivendo e sobrevivendo desse rio e seus afluentes, informam o Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) e os governos estaduais, reconhecendo a importância do Dia e da Semana indígena.
Apesar de sofrerem com a degradação do 'Velho Chico' - que está sendo prejudicado com a gana do crescimento econômico e com vários problemas ambientais - os povos nativos ainda tem o rio (antigamente chamado de "Opará") como fonte de subsistência, referência de vida e cultura.
Foi o que disse a Influenciadora digital e modelo Juliana (Ju) Santos, em Pirapora. Para homenagear a tradição cultural indígena e seu vínculo com natureza, ela protagonizou um ensaio fotográfico fazendo alusão à ancestralidade da tribo dos “Cariris em Pirapora, "Piraporé” - local de "morada do peixe", "onde o peixe salta".
Resgate das origens em Buritizeiro
"Esse ensaio fotográfico foi realizado com a Oliver Fotografias em abril de 2019, e agora estou tendo a oportunidade de resgatá-lo. Na época, foram 3 meses de estudo sobre a cultura, trajes e adornos. Nada de versão caricata ou apropriação cultural, mas um resgate das nossas origens", explicou Ju.
"Tivemos o apoio da Sissa Morais (da Tribo dos Xákriabás, no município de São João das Missões/MG), que disponibilizou todos os acessórios utilizados no ensaio. Sissa, inclusive, confeccionou o saiote, os colares e braçadeiras, as pulseiras, brincos e o cocar", detalhou.
"Aprendemos sobre as tintas utilizadas para a pintura corporal, sobre o maracá (chocalho) e outros itens que fazem parte da cultura indígena. A homenagem me presenteou com mais conhecimento e uma visão mais ampla do estilo de vida nativo, sua visão de mundo e comunidade", destacou Juliana.
O ensaio 'indigenista' que marca, em grande estilo, a Semana dos povos Indígenas, foi produzido entre as belezas naturais do cerrado, no Sítio Kalangal, em Buritizeiro. Município onde o passado pré-histórico e a ocupação indígena são capítulos à parte na história de Minas Gerais, do Brasil e Vale do São Francisco.
Segundo o IBGE, existem cerca de 900 mil índios no Brasil, que se dividem entre 305 etnias e falam 274 línguas. Os dados fazem do Brasil um dos países com maior diversidade sociocultural do planeta. Como comparação, em todo a Europa são 140 línguas autóctones.
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