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Coluna: Precisamos falar sobre o “Bundamolismo” brasileiro

15/11/2023

/ by UPira

Coluna Buteco do Max

por Max Rocha - @butecodomax

Tempos difíceis, gerações fortes. Tempos fáceis, gerações fracas. Em tempos de modernidades, o chamado “Bunda mole” domina a paisagem. Pessoa fraca, sem atitude, parada. Medrosa e sem futuro. Alguém sem disposição para enfrentar problemas e desafios. Um pusilânime, define o Mestre Aurélio. 

Fotos: Freepix 

Na boca coloquial do povão, é o frouxo, o cagão, o arregão, BUNDÃO, molenga ou MOLEIRÃO. A origem da expressão é incerta, mas “Bunda mole” (termo pejorativo brasileiro) é a descrição para gente sem resistência física ou atitude suficiente para lidar com situações complicadas. 

Mas há controvérsias sobre a palavra “bunda”. Para uns, puro brasileirismo. Para outros, a história do quimbundo (língua banta nativa de Angola) que chamava de "M'bunda" a etnia conhecida pelas nádegas bem generosas. Escravizada, foi trazida para o Brasil colonial. Daí fica fácil adivinhar a trajetória do termo no português brasileiro.

As mulheres do povo ‘bundo’ se notabilizavam pela região glútea muito mais avantajada e globosa que a dos europeus. Assim, os colonizadores passaram a se referir às nádegas femininas como bundas. O termo pegou, caiu no gosto popular e virou preferência nacional. Brasil: País do futebol, do carnaval, da feijoada, da cachaça e do ‘Derrière’.

Vale lembrar que em antigas culturas primitivas, tradições tribais e cultos religiosos, as formas acentuadas das nádegas simbolizam fertilidade. Quando colocado na ponta da língua - deixando sua condição substantiva para assumir a função adjetiva - o “Bundão” (bunda mole) ganha outros significados, releituras e até verbos. 


“Cara-de-bunda” é alguém que diante de certos fatos e situações fica meio sem o que responder ou agir. “Bunda-suja”, segundo o Dicionário Michaelis, é a pessoa sem poder. “Bundear” é o mesmo que andar ao léu, vagabundear. “Desbundar” é causar grande admiração, impacto. Haja bunda no País da piada pronta, dos memes e trocadilhos infames!

Esse “Bundamolismo” brasileiro também flerta com a ‘vibe’ do mundo contemporâneo e sua incomensurável capacidade de produzir/popularizar imbecilidades. A “Idiocracia” (governo ou democracia dos idiotas) abunda e domina a internet, principalmente as redes sociais. Nela, o “partido dos bundas-moles” faz maioria.

A ascensão da idiocracia, apoiada pela picância e malemolência dos ‘bundões’, foi prevista e alertada pelo escritor Umberto Eco: "As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis". Na internet desgovernada pelo analfabetismo funcional, opiniões, achismos e interpretações são iguais a bunda. Cada um tem a sua - dá quem quer! 


O escritor, jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues também profetizou um ‘futuro distópico’ dominado pelo “Bundamolismo” dos idiotas : “Eles vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. São muitos”. Em 1968, no livro “O Óbvio Ululante”, ele escreveu “Os idiotas sem modéstia” :

- “Os idiotas perderam a modéstia e a humildade de vários milênios. Eles estão por toda parte, os que mais berram. São numericamente esmagadores. Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. Não precisa se afobar. Basta sentar e esperar o triunfo dos imbecis. Eles nunca falham”. 

OBS: Esse artigo foi escrito bebericando 3 “Cú de Burro”. O “CDB” é um coquetel popular que mistura suco de limão e sal, degustado abundantemente com cerveja.






Max Rocha 

Jornalista, Assessor de comunicação multimídia, Educador (Ciências Humanas) e Gestor do projeto publicitário @butecodomax




*O conteúdo e imagens publicadas são de inteira responsabilidade de seu autor e não reflete a opinião do site.

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